Cena Underground BR Entrevista: Tangelo



Finalmente acabaram as férias do blog \0/
Pra ser bem sincera, estava morrendo de saudades de trazer novidades para vocês, queridos leitores deste humilde blog.
Nada como começar o ano falando de uma banda como a Tangelo, que traz em suas composições mensagens de paz e amor (sentimentos que tão facilmente são esquecidos ou deixados de lado em meio a loucura em que vivemos).
Desde 2008 na ativa, a Tangelo pode falar com propriedade sobre a existência ou não de união dentro da cena underground e até sobre questões relevantes do mundo, e afirmar que “Amor só cresce quando se reparte.”


Banda Tangelo


1. A banda surgiu em 2008. Contem um pouco para a gente como se deu esse início e se houve mudança na formação de lá para cá.

Bom, eu comecei a esboçar o TANGELO quando a minha banda antiga (Outrora) se dissolveu. Éramos desleixados demais e nunca fizemos um show sequer. O comodismo do projeto sempre me chateava, até por eu ser um Workaholic assumido (e compulsivo).
Daí os integrantes da banda criaram outro projeto e eu, o único que não sabia tocar nada, decidi seguir sozinho. Nisso eu comecei a esboçar a sonoridade que eu queria fazer muito influenciado por um programa da Radio Brasil 2000 FM chamado “Seleção Brasileira”. Era um programa que tocava só bandas nacionais e a maioria independentes.
Nesse programa eu ouvia e pirava em Cascadura, Pullovers, Volver, Superguidis e Móveis Coloniais de Aracajú. Bolei as primeiras composições do que seria o Tangelo, um projeto muito diferente do que é hoje. Era focado em composições densas e temáticas surreais (Deixo aqui até uma música do que o TANGELO era: (www.youtube.com/watch?v=FDnF4UJR8Hg).
Mas quando eu fui procurar integrantes NINGUÉM queria (risos).
Achavam um projeto muito estranho e de difícil entendimento.

Então eu mudei a sonoridade pro rock mais cru (como é até hoje) e o Fabiano (guitarrista) topou o projeto comigo! E daí em diante o Ramon (Guitarra) e o Will (batera) entraram pra somar de forma intensa!

Tivemos mudanças de dois baixistas (Phelipe e Jr.) e hoje estamos sem baixista, apenas o Paul da banda Audiopraise vem nos ajudando nos shows.

Estamos à procura! Se souber de alguém, você que está lendo, mande um e-mail para: falatangelo@gmail.com e vai que você entra pra esse projeto doido.

2. A Tangelo traz em suas letras uma mensagem de paz e fala sobre o amor de Deus. Vocês já foram "deixados de lado" ou se sentiram ignorados pelo público ou por produtores de eventos por causa disso? 

Por incrível que pareça não. Muito pelo contrário até!
A gente não está na música para trazer RELIGIÃO para as pessoas, e sim, AMOR.
Muita gente ainda não consegue fazer essa separação de religiosidade do amor de Cristo e por isso gera muito preconceito ainda, mas no nosso caso os produtores gostam do som e a música é isso!

Não é quem é mais bonito, mais rico, mais influente ou mais carismático. A música é pela música e sempre será. Obviamente na cena há quem ainda pensa que status é o que manda, seu dinheiro os colocará em bons eventos e até alguns produtores se deixaram levar por isso, mas no fim: SÓ FICA NA MÚSICA QUEM É DE VERDADE.

Quem não é? Vai trabalhar no escritório do Papai e curtir uma baladinha no fim de semana.
Quem é da música? Passa ano e sai ano e a gente tá suando a camisa pra fazer o que mais gostamos de fazer: Tocar e se divertir.

Não tem jeito. Amanhã vai aparecer um novo fenômeno Teen e ele sumirá e ninguém vai lembrar mais. Quem tá no mercado pra ser produto, vai ser produto. Vai ser vendido, usado e depois descartado como um produto. E assim segue o mercado musical e sempre seguirá...
                 
3. Recentemente vocês lançaram o single "Equação" e percebemos que o retorno tem sido grande, com direito a indicação no canal Lycans e em muitos blogs. Como a banda se sente com tudo isso?

Poxa, é muito gratificante! São canais não só conhecidos do grande público, mas são canais que eu mesmo os acesso diariamente. É recepção calorosa que eu vejo a intensidade que a gente ralou pra gravar o clipe e as músicas do CD. Está tudo lindo demais.
Sair no Zona Punk, por exemplo, eu leio tudo do Wlad (editor chefe) desde 2001 e quando eu vi a minha banda ali eu surtei. É um site que me fez conhecer e tomar opiniões sobre diversos assuntos da música independente e mainstream. Ou sair na Rock de Verdade, só em dois dias tivemos mais de 3.000 acessos na notícia. Coisa surreal. E a gente dá muito valor para as nossas conquistas, mesmo que elas sejam poucas pra muito critico por aí.
A banda inteira se sente muito realizada pelo o que aconteceu, mas não muda o que somos e o que ainda temos de conquistar. Se a banda acabar amanhã? Poxa, tanta coisa foi conquistada por uma banda que fala de fé sem disfarce algum que só tenho de agradecer, mas enquanto estivermos na ativa: A MISSÃO ESTARÁ VIVA!

4. Ainda falando no single "Equação", contem como se deu a composição desta música. Como ou de onde surgiu a inspiração?

A Equação é uma história muito doida (risos).

Não era pra música integrar o CD, pois eu a fiz depois que as nove músicas do álbum estavam gravadas e o combinado era: nove músicas elétricas e uma acústica.
O problema é que eu já tinha a música acústica, mas eu não estava achando ela bacana pro CD. Então eu compus a Equação para que ela fosse uma música acústica! Pra fechar o CD e figurar entre as outras músicas, mas jamais um single.

Quando eu a compus eu levei para os meninos em um ensaio e tive a ideia de tentar tocar ela elétrica pra que eles tivessem uma ideia para passarmos pro formato acústico, mas quando tocamos ela pensamos: “Caraca! Esse som tá muito insano pra ser um som acústico!”.

Gravamos ela elétrica AO VIVO! Na raça!
E quando ouvimos o resultado dela e mostrávamos para os mais próximos e todos falavam: Essa TEM de ser o single! Dai gravamos o clipe com nossos amigos e o resultado tem sido bastante proveitoso!

A ideia da letra eu tive a partir da frase: Amor só cresce quando se reparte. Dessa frase que tinha escrito em cadernos há alguns meses eu desenrolei a letra dela inteira.




5. Fugindo um pouco do assunto música e abordando o lado social da banda, as composições da Tangelo falam sobre paz e Deus e a todo o momento vemos notícias de intolerância e preconceito religioso; no nosso país existe uma diversidade étnica e religiosa muito grande e todas conseguem manter uma boa convivência. Vocês acham que o Brasil pode ensinar ao  mundo sobre este ponto de vista?

Bom o Brasil é um estado laico, logo, é oficialmente imparcial em relação às questões religiosas dos seus habitantes.

O mundo realmente anda transpirando ódio. Em nome de religião também e é esse o problema que ainda existe: É preciso diferir a religiosidade do amor.
Religioso hoje briga e mata mais que o tráfico no mundo sabe por quê? Eles se esqueceram dos ensinamentos das suas religiões: Amar o próximo como a si mesmo.

Eu realmente gostaria de perguntar para essas pessoas a seguinte questão: Se você não é capaz de amar e respeitar seu irmão, que você enxerga com seus olhos, como és capaz de amar alguém que você não pode ao menos ver?

Eu, particularmente, não acho o Brasil um país do qual pode ensinar muita coisa em relação a respeito com o próximo. O preconceito religioso, étnico, afetivo, social nos últimos anos tem sido o retrato da nossa sociedade.

Brasileiro é um povo engraçado: Grita nas redes sociais “Eu Sou Charlie”, mas se houvesse uma revista no Brasil fazendo as charges (de humor altamente ofensivo) com as religiões, o cara morreria e metade da população acharia merecido.

Violência é algo que não se justifica JAMAIS, porém, não podemos agir de forma hipócrita.

O Rafinha Bastos, por exemplo, por menos do que a revista já publicou em toda história foi massacrado pela população pela declaração ao filho da Wanessa Camargo. Foi uma declaração infeliz? Obviamente, mas onde estavam essas pessoas que gritam pela liberdade de expressão de um “Charlie” lá da França quando um Rafinha Bastos, brasileiro, precisava desse tal apoio?

Xingando muito no facebook, claro.

6. Voltando ao assunto música, muitos falam que já não existe mais uma cena underground. Vocês acreditam nisso? Qual o ponto de vista da banda sobre o movimento na atualidade?            

Eu acho que o tempo é de reciclagem tanto no underground quanto no mainstream.
Hoje a bola da vez é o Sertanejo e o Funk. Ontem foi o Rock e amanhã vai ser o rock novamente e depois volta o Sertanejo ou o RAP pode estourar de vez e assim vai...

O mercado musical é isso: Imprevisível!
E essa é a coisa mais legal de trampar com música, você não sabe o dia de amanhã e não existem cálculos ou previsões exatas sobre o que pode acontecer.

Hoje eu posso dormir com o Rock na UTI e amanhã uma banda pode surgir (ou aparecer pra grande mídia) e tocar até na abertura da novela das 21.

O underground voltou aos seus primórdios de cada banda conquistar um lugar pra tocar, pouco público, pouco apoio da mídia mainstream, mas o que permanecerem com a verdade no seu som vai entrar na boa onda que surgirá de novo, se Deus quiser.

Brasil é um país rico musicalmente. Infelizmente rockeiro acha que arte é só o que o agrada e isso só atrasa ainda mais o entendimento que é preciso se unir não só com o rock, e sim, com quem faz música boa!

As bandas precisam trabalhar mais e chorar menos também!
Tem banda que reclama de oportunidade, mas grava uma música em casa de uma forma primária e toca pior ainda ao vivo e o produtor tem que ficar engolindo? É preciso ver os dois lados da moeda.

Tem muita que banda reclama de cota e tudo, mas nem se dá o trabalho de ensaiar as músicas e ao vivo é uma tortura de ver poxa.
Nego hoje se acha o rock star só porque tem uma página da banda no facebook e nem aparecem pra ver as bandas dos amigos.

Pregam união, mas a união só existe hoje quando você os favorece.
Eu mesmo posso falar: Já fui e vou a show de milhares de bandas de amigos e advinha quantas delas vão ao show do Tangelo? Se eu vir três no máximo é milagre. Mas eu não mudo. Não vou deixar de ir. Eu amo estar presente ajudando e vivendo a cena, não postando “hashtag motivacional” no sofá de casa dando beijinho na minha namorada.

Eu não quero aparentar ser da cena, EU SOU.
                      
7. A Tangelo está na ativa desde 2008. Vocês pensaram alguma vez em desistir e seguir somente a carreira acadêmica? O que podemos esperar da Tangelo neste ano de 2015?

Já, mas só em pensamento mesmo (risos).

Quem ama a música pode ter um bilhão de bandas e todas acabarem que ainda sim a música estará viva em nós.

Nossa música não é e nunca será algo pra nos beneficiar ou pra querer aparecer. É pra falar de amor. De conscientização espiritual e social. De libertação emocional. DE CRISTO!

E pra esse ano tem o CD, se Deus quiser!
Têm mais clipes, mais shows, mais rolês, mais amigos e todo amor e suor que sempre aplicamos no projeto.

9. Para encerrar, deixem um recado para os leitores do Cena Underground BR.

Galera: A hora da sua vida é agora! O amanhã você não vive cara! Não vamos ficar deixando pra depois o que a gente pode fazer hoje. Seja na música, no amor, na fé e no trabalho.
Vocês tem algo que não tem preço que é a sua vida! Vamos parar de existir e começar a viver! O tempo de ficar com preguiça, rancor ou mimimi já foi! Agora é tempo de viver com amor. Viver tendo a vida de Cristo como base. Esquece o preconceito e a religiosidade! Cristo se sentou com prostitutas e com pessoas que queriam a sua morte e mesmo assim os levou amor. Apenas o amor.

Apenas o amor.
Só o amor.
Seja o amor.
E vivam em amor.

E continuem acompanhando o TANGELO! A gente trabalha com muito carinho pra que os seus corações sintam as nossas músicas!


Deus abençoe o próximo segundo de todos vocês.

Gostou da entrevista e quer saber mais sobre a Tangelo? É só clicar no link abaixo:

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